Do “bateu no agregado” ao “bateu por transação”: como construir uma conciliação financeira que não deixa dinheiro na mesa

1) Onde nascem as perdas (mapa dos vazamentos)

  • Cancelamento no PDV sem reflexo no adquirente (ou vice-versa).
  • Estorno iniciado e não concluído dentro do prazo.
  • Taxa negociada ≠ taxa cobrada (diferença pequena, impacto brutal no agregado).
  • Associação errada de venda/loja/operador (especialmente em migrações ou multi-PDV).
  • PIX sem conciliação por chave (latência/horário gerando falso “não encontrado”).

2) Desenho da solução (camadas e disciplina)

  • Chave transacional: padronize agora. Sem chave boa, regra boa não roda.
  • Regras de reconciliação: por meio, por adquirente, por carteira, por janela de captura.
  • Classificação automática: conciliada / pendente / divergente (com motivo).
  • Fila de tratamento: priorize por impacto financeiro e prazo de risco (ex.: chargeback).
  • Workflows: reprocesso (TEF/arquivo), estorno, ajuste contábil, abertura de chamado com evidência padrão.
  • Relatórios executivos: “recuperação por motivo”, “desvio por adquirente”, “tempo médio de resolução”.

3) Exemplo operacional (com números)

  • Semana 1: mapeadas 3.218 divergências em 10 lojas/7 dias.
  • Classificação automática indicou 5 motivos principais; dois respondiam por 62% do valor.
  • Ação: correção de janela de captura em 3 lojas + padronização da taxa “refeição” em um adquirente.
  • Resultado 30 dias: −41% de divergências novas; R$ 287k recuperados (recorrentes) + fechamento D+1 em 92% das lojas.

4) KPIs que interessam à diretoria

  • % transações conciliadas D+0/D+1 (por meio/adquirente).
  • Tempo médio de resolução por tipo de divergência.
  • Recuperação mensal de valores (recorrente, não pontual).
  • Desvio de taxa vs acordo (dashboard por adquirente).
  • % divergências reincidentes por loja/operador (para treinamento e alçadas).

5) Roadmap 60 dias (pé no chão)

  • Semanas 1–2: padronizar chave (inclua NSU/TID), coletar mapeamento de meios por loja, listar extratos e formatos.
  • Semanas 3–4: implementar regras base por meio/adquirente e fila de tratamento; medir baseline.
  • Semanas 5–6: automatizar estornos/reprocessos, relatórios executivos, acordos de SLA com adquirentes.
  • Semanas 7–8: afinar motivos de divergência, treinar lojas reincidentes, negociar taxa onde houver desvio estrutural.

Conclusão
Conciliação inteligente dá menos “show” e mais dinheiro de volta. É silenciosa, diária, obrigatória.