Da vaidade à realidade: como transformar dados operacionais em margem — todos os dias

1) Os 9 indicadores que movem dinheiro (com definição prática)

  1. Disponibilidade de gôndola (DGo): % de SKUs A e B expostos vs estoque de loja. Fonte: vendas intradia + auditoria móvel/gatilho por queda de giro.
  2. Ruptura projetada tratada (RPT): % de alertas críticos concluídos no SLA.
  3. Integridade de preço (IP): % de itens sem divergência etiqueta ↔ PDV no dia.
  4. Fila de caixa (FCX): média e p95 de minutos por faixa horária.
  5. SLA de tarefa (SLA-T): tempo médio para executar tarefas operacionais críticas.
  6. Acurácia de estoque (ACE): diferença entre estoque sistêmico e físico por categoria.
  7. Erro de integração (EI): taxa de falhas por parceiro/canal (DLQ + replay).
  8. Conversão por faixa horária (CONV-H): tickets por 100 entradas, por hora.
  9. Preço correto em promoção (PCP): % de SKUs promocionados sem erro de execução (preço e sinalização).

Regra de ouro: menos é mais. Se o indicador não está ligado a uma ação no turno, ele é vaidade.

2) Construindo o PMO (painel de margem operacional)

  • Fontes: PDV, ERP, app de tarefas, verificador, sensores de fila, middleware, e-commerce.
  • Latência: intradia para DGo, RPT, IP, FCX e CONV-H; D+0 para ACE e EI.
  • Governança: donos claros por indicador (gerente, frente de caixa, compras, TI).
  • Runbook: para cada indicador, um fluxo de ação (quem, o quê, quando, como provar).

3) Exemplo real (com cálculo simples de margem)

Base: 140 lojas, ticket médio R$ 62, margem líquida de 17,8%.
Intervenções ao longo de 8 semanas:

  • RPT: 37% → 82% (tratamento dentro do SLA).
  • IP: divergência 3,2% → 0,9% (bloqueio+etiqueta automática).
  • FCX p95: 10,2 min → 6,1 min (abertura de PDV por threshold + redirecionamento).
  • PCP: 88% → 97% (verificação via app + foto obrigatória).
    Efeito observado (estimado por loja/mês):
  • Vendas preservadas por ruptura evitada: +R$ 52k.
  • Redução de remarcação corretiva: +R$ 19k.
  • Tickets salvos por fila: +R$ 11k.
  • Perdas por preço divergente: −R$ 8k.
    Impacto líquido: ~R$ 74k/mês/loja, ou R$ 10,3M/mês na rede.
    Sem aumentar mídia. Só operando melhor.

4) Ritos que viram cultura (e não campanha)

  • Diário (15 min, gerente de loja): revisar DGo/RPT/FCX do turno anterior + plano de hoje.
  • Semanal (30 min, regional): top 5 lojas por ganho/perda de margem operacional; lições replicáveis.
  • Mensal (45 min, diretoria): evolução dos 9 indicadores; decisões de investimento (pessoas x automação).

5) Erros que drenam margem (para evitar agora)

  • Confundir volume com eficiência (mais gente no pico ≠ fila menor sem regra).
  • Promover sem governar preço/sinalização (PCP cai, NPS cai junto).
  • Alertas genéricos (“olhar categoria 12”) — ninguém executa.
  • Dados sem dono — indicador sem dono é problema órfão.

Conclusão
Não existe mídia capaz de compensar execução ruim.
Mas existe execução tão boa que reduz a dependência de mídia.